Vino
Uruguayo Retrasa El Envejecimiento
Resolvemos falar
de vinho, mas é nada o que sabemos sobre o que resolvemos falar. E para não
falar asneiras (ou para falar asneiras menos asnas) consultamos o dicionário e
transcrevemos apenas as suas palavras menos obtusas. Portanto, os vocábulos
contidos aqui tendem a apresentar um cunho predominantemente acutangulado. Ser
acutangulado é conduzir a própria agudeza ao extremo da existência. Os
pitagóricos eram mais retangulares do que acutangulados, embora tenham
conseguido atingir o limiar da consagração numérica.
Deixando de lado
as frases "oreganosamente” engenhosas, precisamos realizar alguns
registros: o “uruguayo” inserido anteriormente é quase uma partícula expletiva;
o envelhecimento diz menos respeito à idade das pessoas do que aos seus
pensamentos; vinho contém álcool, ou seja, não beba. Ah, antes de finalizar o
parágrafo, uma sugestão para quem é fã de uva: os cachos de uva ficam muito bem
como pinheiros para os presépios natalinos. Se o leitor pensa em fazer uma
maquete com árvores ou em montar presépios para o próximo Natal, não jogue fora
seus cachos de uva, reutilize-os. Imagine um cacho de uva no lugar do
clássico pinheirinho de Natal, que coisa mais bela! A simplicidade das coisas
aliada às causas ecologicamente corretas, que ideia simplesmente genial.
Não
desconhecemos completamente os vinhos: sabemos que eles geralmente são roxos. Além
disso, temos as noções básicas necessárias à compreensão dos mecanismos
envolvidos no ato de abrir garrafas fechadas por rolhas de cortiça. Longos anos
se passaram enquanto estudávamos o design dos abridores de latas. E o incrível
é que ainda não sabemos como abrir latas, nem mesmo de sardinhas. Sempre que
abrimos o fundo de nossos armários encontramos uma pilha de latas de sardinha à
espera do carinho selvagem do abridor. Quando olhamos as datas de validade
carimbadas na superfície das latas começamos a sofrer... Será que a nossa data
já não passou... Estamos envelhecendo e nem podemos acreditar nisso... Está
acabando o suco de uva da nossa garrafa... Como podemos multiplicar a última
gota de nossa juventude sem aguá-la... O envelhecimento é coisa que já não
podemos negar. Ora, se vivendo não há como escapar da idade avançada, então que
passemos a aceitá-la, afinal, vinho nenhum pode fazer a mágica de impedir que
os dias envelheçam. Os dias de depois de amanhã até podem ser bisnetos do vovô
hoje, os lugares por onde passarmos até podem ser mais cinzentos do que branco
e preto juntos, as pessoas que conhecermos até podem ser tão centenárias quanto
os menos recentes resquícios medievais, as verdades ou mentiras que inventarmos
até podem ser as mais novas anciãs da humanidade. Tudo parecerá novo se
levarmos conosco a leveza de viver eternamente jovem. Os lugares não são velhos
ou novos ou descoloridos, eles têm a cor com a qual quisermos pintá-los. E até
as cores... As cores têm a intensidade com que nossos olhos conseguem
enxergá-las, e cada olho vê por um ângulo “acutangulamente” ou “obtusangulamente”
singular. Dois olhares interpretam um mesmo panorama com distintos interesses,
e seria pretensamente abusivo recortar o mais interessante sem pegar firme na
tesoura. A dor é como o envelhecer: não há escapatória. Suavizar a dor não
diminui a ferida, e de ferida em ferida o todo agoniza. Por mais que a parte se emende, o todo segue agonizante se entre as partes nada se emenda, e é por isso que não se deve observar o conjunto do corpo apenas
insensivelmente. Sensibilidade econômica, sensibilidade social, sensibilidade para as pequenas coisas do cotidiano, sensibilidade para o indispensável, enfim, nenhuma sensibilidade é dispensável. Que venha a hora de acertar as contas com o senhor tesoureiro
de todas as coisas, que deve ter feito alguma confusão numérica depois do primeiro gole da segunda taça. Decerto não é
do clube dos pitagóricos, tampouco do clube do real visível.
Segue abaixo a
outra parte do texto:
Foi em algum tempo (que já passou) que um imigrante de algum lugar
plantou as primeiras árvores de uvas (parreiras) Tannat lá pelos cantos da
República Oriental. Só bem mais tarde, porém, a produção comercial ganhou impulso, fase em
que outros imigrantes de algum outro lugar intensificaram o cultivo dessa uva.
O sucesso foi tanto que a Tannat tornou-se uma espécie de símbolo das vinícolas
uruguaias e hoje ocupa uma porção relevante da área plantada do país. No total, são cerca de quatro centenas de vinícolas
no país, sendo que mais ou menos trinta têm expressão internacional. Muitas são as variedades de uvas cultivadas
no Uruguai; as tintas representam mais da metade da área cultivada. Entre as
brancas, predominam a Sauvignon e a Chardonnay, com presença de Sauvignon Gris, Viognier e
Riesling. No caso das tintas, pode-se escolher entre diversas além da Tannat,
como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Tempranillo,
Shiraz e Petit Verdot.
Em geral, o vinho de Tannat de nossos vizinhos é menos agressivo e
mais frutado que o gaulês, mantendo as características de cor escura, taninos
marcados, teor alcoólico médio e afinidade com carvalho. Para moderar sua
adstringência, a Tannat costuma ser cortada no Uruguai com a Merlot ou com a
Cabernet Sauvignon, de modo a dar maior estrutura ao líquido.
Os
que se dizem porta-vozes da ciência já descobriram que o vinho contém substâncias que fazem bem a nossa saúde ajudando a prevenir doenças como as do coração.
Agora, novas pesquisas revelam que a quantidade dessas substâncias é maior em algumas variedades de uva. Uma das campeãs é a tannat, a uva mais plantada no Uruguai.
A variedade Tannat, que produz um vinho de
vermelho intenso, foi levada da França, no fim do século 19. O nome se deve à forte
presença de taninos, que são antioxidantes naturais: combatem o
envelhecimento precoce e ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer.
Uma pesquisa feita em Montevidéu por algum instituto comparou três variedades
de vinhos produzidos no Uruguai e concluiu que a Tannat retarda por mais tempo
a decomposição em cérebros de ratos.
Postado por Gabriel e Tiago
Belo texto e com vocábulos oreganosamente incríveis!
ResponderExcluirExcelente texto! Bravo!!!!
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