(Pseudo Cronograma)
Introdução - Ô bem, não estranhe não, tudo aqui é migalha do que tu nem
imaginas. Hoje é só um dia caído no meio de ti, amanhã é uma vida inteira. E
enquanto é hoje, o teu inteiro fica um pouco guardado em cada parte de estarmos
partidos entre nossos segundos. Ok, ok, chega disso, sabemos o quão fácil se
cansa o teu suposto estereótipo, queira contar, portanto, todo o tempo que
puder, nem que seja para depois cobrar o quanto roubamos da tua paciência.
Contudo, se realmente quiser, então não se esqueça de nenhum instante, e se se
esquecer, então que não seja de um instante que tenhamos tomado de ti. Tu
(nosso docinho de gengibre!) podes admitir uma porção de coisas, inclusive que
estejamos aqui por qualquer vontade alheia ao intuito de te aborrecer, afinal,
somos chatos à força do que nem se sabe e não à sombra de sermos autênticos,
embora te chateemos mesmo quando nenhuma força nos aporrinha.
Para todos os
efeitos, convém que pareçam bem intencionados os chatos que escreveram o
bagulho que lês. Em tal bagulho deve constar, por quaisquer motivos que correspondam
à desconstrução da impressão de que havíamos nos esquecido de postar o que
estamos postando, o que se estende logo abaixo, que é tão somente o que parecer
ser.
Um de nossos
arranjos nervosos pouco fiéis a nós mesmos, enquanto se debatia contra a
lucidez de nossos cérebros, trouxe notícias daquelas horas que ainda não vieram.
Depois de averiguarmos minuciosamente a credibilidade das informações que
recebemos, resolvemos divulgá-las, e cá estão expostas sob a forma do próximo
parágrafo, de cujo teor suspeitamos mesmo admitindo a impermanência de seu
sigilo, tão contrária à tendência inicial de nossos intuitos, que tanto nos fez
trabalhar mentalmente para revertê-la, afinal, a decisão em questão não foi
fácil, tampouco simples o bastante para que a tomássemos sem recorrer a
reflexões tremendamente apuradas.
Nossa próxima
postagem será consumada em um dia qualquer do futuro. Noutro dia qualquer do
futuro, será consumada outra de nossas postagens, posterior a que a anteceder.
Ainda haverá chances de haver outras porções de postagens acontecendo durante o
que vier a suceder. Talvez escolhamos um assunto turístico, talvez façamos
turismo por outros assuntos, talvez descumpramos o que já prometemos fazer.
As coisas de
depois devem ser meio furadas para que consigamos passar por elas. A explicação
para um recado oriundo dos tempos ainda não vindos tende a ter, afora um cunho
inconcebível, algum vínculo com aquilo¹ a que recém nos referimos, a saber, os
furos da posteridade, pelos quais pode haver circulação do que for presumível
haver, e há de não ser conjecturável um duplo fluxo. Enfim, nosso ponto dista
muito daqui e nossas pretensões não tangenciam o propósito de sabermos o quão
adivinháveis as coisas de depois são ou deixam de ser. Antes que nos percamos,
é preciso que digamos que não estamos praticando nada além de um exercício de
imaginação.
Sim, estamos
imaginando! E como isso faz bem! Às vezes sentimos que estamos pensando com uma
parte dissidente de nossos cérebros, e a garganta entalada no fundo da boca,
suando saliva, contorce-se de cócegas só de termos tal sensação. Qualquer ideia
desconexa que tenhamos abandonado aqui, por mais ininteligível que seja, é
passível de ter sido parida ao acaso, bem como os arranjos nervosos que surgem
entre as partes de nossos cérebros, naquela que é apenas uma zona imaginária,
mas que deve transbordar de confusão.
¹ Muitas vezes, fazer períodos longos
resulta em usarmos o termo “aquilo” até para retomar o que a frase vizinha mal
acabou de expressar: as palavras parecem tão distantes em situações assim; nada
é “isso”, tudo é “aquilo” ou qualquer coisa semelhantemente tão longe de não se
sabe o que, mas que pode ser até mesmo o que a avizinha.
Postado por Gabriel Zarth e Tiago Dresch
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